Interpretação de Texto FCC com Gabarito | Português em Foco
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Interpretação de Textos FCC – 10 Questões com Gabarito

10 Questões de Interpretação de Textos (Com Gabarito)

A Interpretação de textos é um assunto muito cobrado pela Fundação Carlos Chagas (FCC). Por isso, é extremamente importante treinar questões de provas anteriores.

No artigo de hoje, você vai poder resolver 10 Questões cuidadosamente selecionadas da FCC e, ao final, conferir o gabarito.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS FCC | QUESTÕES 

 

 

Texto I

 Os animais e a linguagem dos homens

Essa mania que tem o homem de distribuir pela escala zoológica medidas de valor e índices de comportamento que, na escala humana, sim, é que podem ser aferidos com justeza!

Por que chamamos de zebra a uma pessoa estúpida, que não tem as qualidades da zebra? Esta sabe muito bem defender-se dos perigos pela vista, pelo olfato e pela velocidade, sem esquecer a graça mimética de suas listas, úteis para a dissimulação entre folhas. Se ela não é dócil às ordens do treinador, se não aprende o que este quer ensinar-lhe, tem suas razões. É um ensino que não lhe convém e que a humilha em sua espontaneidade. Repele a escravidão, que torna lamentáveis os mais belos e inteligentes animais de circo, tão superiores a seus donos.

Gosto muito de La Fontaine*, não nego; a graça de seus versos vende as fábulas, que são entretanto uma injúria revoltante à natureza dos animais, acusados de todos os defeitos humanos. O moralista procura corrigir falhas características de nossa espécie, atribuindo-as a bichos que, não sabendo ler, escrever ou falar as línguas literárias, não têm como defender-se, repelindo falsas imputações. O peru, o burro, a toupeira, a cobra, o ouriço e toda a multidão de seres supostamente irracionais, mas acusados de todos os vícios da razão humana, teriam muito que retrucar, se lhes fosse concedida a palavra num sistema verdadeiramente representativo, ainda por ser inventado.

Sem aprofundar a matéria, inclino-me a crer que o nosso conhecimento dos animais é bem menos preciso do que o conhecimento que eles têm de nós. Não é à toa que nos temem e procuram sempre manter distância ou mesmo botar sebo nas canelas (ou asas ou barbatanas ou …) quando o bicho-homem se aproxima. Muitas vezes nosso desejo de comunicação e até de repartir carinho lhes cheira muito mal. A memória milenar adverte-lhes que com gente não se brinca. Homens e mulheres que sentem piedade pelos animais, e até amor, constituem uma santa minoria, e eles salvarão a Terra. Mas será que os outros, a volumosa maioria, os caçadores, os torturadores, os mercadores de vidas, vão deixar?

* La Fontaine – fabulista francês do século XVII.

(Carlos Drummond de Andrade. Moça deitada na grama. Rio de Janeiro: Record, 1987, pp. 139-141, crônica transcrita com adaptações)

 

Texto II
FÁBULA – Foi entre os antigos uma espécie de forma quase sempre em verso. A partir do romantismo a prosa começou a ser sua forma mais comum. A fábula, de um modo geral, apre senta duas características:

a) Ter por assunto a vida dos animais.

b) Ter por finalidade uma lição de moral.

(Hênio Tavares. Teoria Literária. Belo Horizonte: Bernardo Álvares, 1969, p. 132)

 

Texto III
Presos 6 em operação contra venda de animais na web

– Seis pessoas foram presas hoje, durante uma operação da Polícia Federal para desarticular uma quadrilha que vende animais silvestres e exóticos, sem autorização, pela internet. A ação, batizada de Arapongas, feita em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), foi deflagrada nos Estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Ceará e Paraíba.

Os animais eram vendidos por meio de um site para diversos estados do país e do exterior. Os investigados recebiam encomendas de todo tipo de animais, como répteis, anfíbios, mamíferos e pássaros -algumas espécies até mesmo em extinção. Esses animais seriam obtidos por meio ilícito, como criadouros irregulares e captura na natureza. Além das prisões, foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão.

Os investigados responderão pelos crimes de tráfico internacional de fauna, tráfico de animais silvestres nativos, estelionato, sonegação fiscal, falsidade ideológica e biopirataria.

(http: www.estadao.com.br/notícias/geral. Acesso 14/08/2011)

 

Questão 01. É correto afirmar que os Textos I e III:

a) se constroem a partir de uma mesma finalidade, já que os autores se dirigem diretamente ao interlocutor, com intenção moralizante.

b) se aproximam por terem como assunto a relação entre o homem e os animais, embora se trate de gêneros distintos, com distinta finalidade.

c) apresentam estrutura idêntica, sustentada por um mesmo assunto, com a finalidade de coibir abusos contra os animais

d) são divergentes, a considerar-se o teor de cada um deles: o Texto I com certa crítica ao comportamento dos animais e o Texto III, em sua defesa.

 

Questão 02.  Considerando-se o teor do Texto III, é correto afirmar:

a) A informação apresentada pode ser entendida como fato que justifica plenamente a dúvida expressa pela interrogação final constante do Texto I.

b) A operação deflagrada pela polícia atesta que a intenção moral embutida nas fábulas, como se lê no Texto II, costuma surtir o efeito desejado

c) Denúncias recebidas pela internet acentuam o alcance dos recursos tecnológicos utilizados pela polícia na repressão ao crime organizado.

d) O comércio irregular de animais compromete atualmente a aceitação do valor moralizante das fábulas, por desconsiderar as características de cada espécie.
Esses animais seriam obtidos por meio ilícito, como criadouros irregulares e captura na natureza. (TextoIII)

 

Questão 03.

Esses animais seriam obtidos por meio ilícito, como criadouros irregulares e captura na natureza. (Texto III)
É correto depreender da afirmativa acima, especialmente em relação ao emprego da forma verbal,

a) afirmativa concreta, em razão das informações confirmadas pela deflagração da operação policial.
b) fato habitual, que se estende de maneira constante e repetitiva por um tempo relativamente longo
c) hipótese provável, a considerar-se a ausência de dados conclusivos até aquele momento.
d) constatação imediata, a partir das evidências a respeito do comércio irregular de animais.

 

Questão 04.

Identifica-se corretamente no texto I

a) justificativa em torno da necessidade de aplicar lições de moral a pessoas que desrespeitam a ética, por meio de animais que simbolizam defeitos humanos.

b) crítica a respeito da pouca dedicação dos homens aos animais, mesmo reconhecendo as falhas e defeitos ligados à irracionalidade dos bichos.

c) inclinação do autor em defesa dos animais, aos quais certo hábito humano tende a atribuir defeitos do próprio homem.

d) reconhecimento do valor moral embutido nas fábulas em que, por meio de animais, os escritores antigos recriminavam os maus costumes dos homens.

 

Questão 05.  

[Texto I – Os animais e a linguagem dos homens]

Se ela não é dócil às ordens do treinador, se não aprende o que este quer ensinar-lhe, tem suas razões. É um ensino que não lhe convém e que a humilha em sua espontaneidade. Repele a escravidão, que torna lamentáveis os mais belos e inteligentes animais de circo, tão superiores a seus donos. (2º parágrafo)

É correto perceber o segmento transcrito acima como

a) proposição de confronto entre uma visão pessoal a respeito de determinado comportamento animal e uma realidade inteiramente oposta.
b) articulação entre a finalidade de determinada situação e sua justificativa imediata, encaminhada para uma hipótese provável.
c) raciocínio dedutivo, com base em articuladores que estabelecem relações entre hipóteses, explicações e conclusão coerente.
d) decorrência da apresentação de fatos, relacionados por elementos que exprimem as causas e as consequências desses mesmos fatos

 

Questão 06.
[Texto I – Os animais e a linguagem dos homens]

…e toda a multidão de seres supostamente irracionais, mas acusados de todos os vícios da razão humana… (3º parágrafo)

A afirmativa acima aponta para

a) censura evidente a todos os vícios da razão humana, em consonância com os escritores moralistas que, desde tempos mais remotos, objetivavam incentivar o comportamento ético entre os homens.

b) ironia do autor, decorrente da aproximação das expressões seres supostamente irracionais e os vícios da razão humana, realçada pelo emprego de conjunção adversativa

c) exagero intencional do autor, ao empregar o coletivo multidão, embora as fábulas tragam como exemplos apenas alguns poucos animais, vistos como seres supostamente irracionais.

d) incoerência, ainda que intencional, decorrente do emprego de expressões cujo sentido é claramente antagônico, ou seja, associação entre seres irracionaise razão humana.

 

Questão 07.
[Texto I – Os animais e a linguagem dos homens]

Muitas vezes nosso desejo de comunicação e até de repartir carinho lhes cheira muito mal. A memória milenar adverte-lhes que com gente não se brinca.(último parágrafo)

O trecho acima está expresso com outras palavras, mantendo-se a lógica e, em linhas gerais, o sentido original, em:

a) Os animais receiam até mesmo nossas demonstrações de afeto porque sabem, por instinto, que não devem confiar nas pessoas.
b) Todos os animais desejam, por isso mesmo, receber demonstrações de afeto, porém se lembram dos maus-tratos que às vezes acontecem
c) A comunicação entre homens e animais nem sempre se realiza, pois que eles temem essas atitudes, muitas vezes desagradáveis
d) Desde o início dos tempos, a comunicação entre homens e animais ofereceu problemas nesse relacionamento, que os afasta, com desconfiança.

 

Questão 08.
[Texto I – Os animais e a linguagem dos homens]

…e procuram sempre manter distância ou mesmo botar sebo nas canelas (ou asas ou barbatanas ou…) quando o bicho-homem se aproxima. (último parágrafo)

No segmento grifado, o autor

a) acaba por suprimir informações mais específicas no contexto, ao atribuir atitudes humanas aos animais em possível risco de vida.
b) se utiliza de expressões típicas da fala, intenção realçada pelo uso dos parênteses, mas que não são condizentes com a finalidade literária do texto
c) ironiza a tendência humana de desprezar o conhecimento dos hábitos dos animais quando estes se sentem ameaçados.
d) usa em relação aos animais uma expressão coloquial geralmente associada ao comportamento humano, com efeito humorístico

 

Questão 09.
[Texto I – Os animais e a linguagem dos homens]

Considere o que está sendo afirmado com base em cada um dos segmentos abaixo. Está correto o que consta em:

a) Por que chamamos de zebra a uma pessoa estúpida, que não tem as qualidades da zebra? Esta sabe muito bem defender-se dos perigos pela vista, pelo olfato e pela velocidade, sem esquecer a graça mimética de suas listas, úteis para a dissimulação entre folhas.

O emprego do pronome demonstrativo Esta, em substituição à palavra zebra, garante a continuidade lógica e coerente do desenvolvimento.

b) Gosto muito de La Fontaine, não nego; a graça de seus versos vende as fábulas, que são entretanto uma injúria revoltante à natureza dos animais, acusados de todos os defeitos humanos.

O emprego do pronome possessivo seus com o substantivo versos, no plural, cria ambiguidade no contexto, marcada ainda pela forma verbal vende, no singular

c) O moralista procura corrigir falhas características de nossa espécie, atribuindo-as a bichos que, não sabendo ler, escrever ou falar as línguas literárias, não têm como defender-se, repelindo falsas imputações.

O pronome relativo que tem por referente, no contexto, o substantivo moralista.

d) O peru, o burro, a toupeira, a cobra, o ouriço e toda a multidão de seres supostamente irracionais, mas acusados de todos os vícios da razão humana, teriam muito que retrucar,se lhes fosse concedida a palavra num sistema verdadeiramente representativo, ainda por ser inventado.

No lugar do pronome pessoal oblíquo lhes poderia ter sido empregada a formaos, porque substitui a expressão todos os vícios da razão humana.

 

Questão 10.  Considerando-se os três textos, a afirmativa correta é:

a) Os Textos II e III, informativos, mantêm pouca relação de sentido com o Texto I , cujo desenvolvimento se restringe à intenção estético-literária.

b) Com base nas informações trazidas pelo Texto II , é correto incluir o Texto I entre as fábulas, ainda que tenha sido adotada a forma em prosa por seu autor.

c) O Texto II tem função estritamente instrucional, como suporte para a elaboração de textos de diferentes gêneros, como, por exemplo, os Textos I e III.

d) O Texto I é marcadamente opinativo, com defesa de ponto de vista pessoal, enquanto o Texto III é somente informativo, ou seja, apresenta fatos.

 

GABARITO

1. B
2. A
3. C
4. C
5. C
6. B
7. A
8. D
9. A
10. D

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